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terça-feira, 16 de março de 2010

Resenha Giovana Ariello Sanches - Manhã

Visibilidade midiática: entre estratégias das instituições e estratégias dos sujeitos.

Apresentado no INTERCOM 2007 em Santos – SP.
Autoras: Eugenia Mariano da Rocha Barichello e Daiane Scheid.
Universidade Federal de Santa Maria.

O contexto de midiatização       
            O conceito de mídia adotado no presente artigo é de que esta não se fundamenta como dispositivo tecnológico  de transmissão de mensagens, mas como ambiente em que se constrói a comunicação, com linguagem própria.  Sendo assim, a Internet é uma mídia e não o computador. Não apenas a tecnologia, mas o fluxo comunicacional.
            Verón destaca as peculiaridades da mídia na produção e reprodução das mensagens, assim como sua recepção, que se fundamenta neste fluxo. Ele destaca a dimensão coletiva que se constrói, considerando a pluralidade de acesso.
            O campo social é conceituado por Rodrigues como “uma instituição indiscutivelmente legítima, reconhecida e respeitada pelo conjunto da sociedade, para criar, impor, manter, sancionar e restabelecer uma hierarquia de valores, assim como um conjunto de regras adequadas ao respeito desses valores, num determinado domínio específico da experiência.”


            O campo midiático, como um novo campo social, cresce e com isso novos profissionais são criados para fazer a mediação destas relações sociais, já que a lógica do campo da mídia se torna diferente da lógica de outros meios comunicacionais.

            Rodrigues compara a mídia com o espelho, porém, a diferença é que este espelho não reflete exatamente a realidade, mas passa uma representação simbólica, condicionada da realidade.

            A mídia e as tecnologias de comunicação geram importantes transformações no modo como o indivíduo se situa no mundo contemporâneo, tendo na mídia uma nova forma nova de vida, um novo espaço e, portanto, outros parâmetros para a constituição das identidades pessoais e coletivas e novas maneiras de relacionar-se neste contexto.

            As tecnologias comunicacionais são identificadas como dispositivos geradores de real, com espaço próprio e a sociedade de adapta, vivendo esta tendência à virtualização ou telerrealização das relações humanas.

            Um ponto destacado no artigo é o fato dos fenômenos de midiatização não serem lineares, mas sim circuitos de feedback, que relacionam as instituições da sociedade, os meios e os indivíduos, resultando em zonas de produção coletivas, que se desenvolvem a partir desse fluxo.

            Os meios surgem em uma relação importante entre as instituições e os indivíduos, gerando novas possibilidades de interação, garantindo a participação do público e considerando a não-linearidade dos interesses dos públicos, que podem reorganizar o teor das informações.

Novas possibilidades de interação

            Através das tecnologias, desde a construção da linguagem, o homem busca comunicar-se e vem diversificando a maneira como o faz. E com o desenvolvimento das tecnologias de informação, se constroem novas estruturas comunicacionais, uma forma diferenciada se dá a mensagem, adaptada ao meio. As novas tecnologias deixam de ser suportes e passam a ser fenômenos culturais.

            No artigo, as autoras citam Manuel Castells, que analisa as mudanças sociais além das mudanças tecnológicas e econômicas. Castells destaca a cultura da virtualidade real, que vive essa dimensão possível a partir das tecnologias, onde se vive o eterno, por se viver o passado, o presente e o futuro da cultura e o efêmero por depender, em todo momento, do objetivo e contexto da construção cultural.

            Outro ponto destacado pelo autor é o surgimento, além do espaço de lugares conhecido historicamente, do espaço de fluxos, que vemos nas novas relações sociais surgindo nas tecnologias de comunicação. O espaço é reduzido ao meio e o passado, presente e futuro podem interagir na mesma mensagem, caracterizando um tempo intemporal. As pessoas ainda necessitam do espaço de lugares para se basearem, mas para diversos âmbitos sociais, esse espaço já está sendo substituído pelo espaço de fluxos.

            O espaço social tem sido a reunião, que necessita da presencialidade, já neste novo espaço social, esta presença não é necessária, mas sim uma interconexão, onde as pessoas não mais locomovem-se, mas somente estão conectadas a uma rede comunicacional.

             Em sua tese, Echeverría apresenta três entornos, sendo o primeiro o meio ambiente natural, o segundo, o entorno urbano, que não é mais natural e o terceiro, que para o autor é novo e está em pleno desenvolvimento, é o entorno telemático (digital), composto por meios como a televisão, o rádio, os multimídia, o hipertexto, entre outros. Este terceiro entorno possibilita uma comunicação através de representações e à distância.

            Neste novo espaço social possível pelos suportes digitais e estruturado pelos sujeitos, as instituições se inserem com novas possibilidades e preocupações. Presentes neste meio e muitas vezes centro de comunidades virtuais, estas são foco de discussões contra ou a favor das mesmas. E aí surge a necessidade de se estudar a maneira de utilizar-se destes fluxos comunicacionais nesta relação indivíduo-instituição.

Visibilidade midiática: estratégia das instituições e estratégia dos sujeitos.

            A partir do estudo do espaço midiático, a afirmação de John Tompson é destacada, considerando que a troca de sentidos passam a ocorrer em espaços virtuais, sem presença física e encontros marcados, e por isso, a luta por visibilidade e reconhecimento na mídia se torna cada vez maior nesses espaços chamados espaços de mediação.  
            Aponta-se também a constituição e modificação constante do espaço público. Em determinados momentos da história, a visibilidade do espaço público adquire uma forma particular, a qual hoje pode se entender que é representada pela mídia.

            Neste âmbito Wilson Gomes avalia que na sociedade contemporânea não há espaço com maior visibilidade, discurso e discussão que os mass media. Ele apresenta dois fenômenos que compõem a esfera pública: a esfera de visibilidade pública, onde a cena social é acessível e disponível ao conhecimento de todos e a discussão pública, em que aqueles que conhecem o tema, sabem que há uma disputa e que podem intervir como participante.

            A cena social, através da visibilidade pública da mídia deve gerar a discussão pública entre os sujeitos sociais.

            A esfera de visibilidade pública aqui apresentada não considera opiniões universais, já que é construída por diversos sujeitos e representa um acumulado de mensagens provenientes de diferentes fontes. Esta visibilidade pública considera não só as mídias tradicionais, mas também aquelas menos conhecidas e acessadas.

            Portanto, as instituições precisam buscar neste fluxo de comunicação, sua legitimação, tanto através da construção e disseminação da comunicação institucional em um primeiro momento, e então legitimar-se através da construção da visibilidade midiática pelos próprios indivíduos e públicos, que ao se expressar podem gerar essa visibilidade autêntica e de grande valor. Com isso, através da negociação e valorização do olhar dos públicos é possível que haja visibilidade através de construções individuais e de agrupamentos buscando interesses em comum.

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