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sexta-feira, 19 de março de 2010

Resenha Otávio Cezarini Ávila - Manha

RESENHA DO TEXTO: “ERA DIGITAL: NOVAS LINGUAGENS PARA A CONSTRUÇÃO DO DESIGN DE RELAÇÕES”

Um entusiasmo pelas novas tecnologias perpassa pelo texto analisado e temos esta percepção aguçada pelas novas linguagens e pela maneira de como a autora enxerga as relações humanas presentes nas novas tecnologias. Para ela, algo mais dinâmico e construtivo do que a relação tecnicista dos antigos meios de comunicação faz parte do novo contexto digital.


Uma das palavras a serem descobertas através do texto é “Design de relações”. Entende-se por uma nova maneira de pensar os conteúdos informacionais construindo e desconstruindo-os por intermédio dos dispositivos da tecnologia presentes na Era digital. Estes conteúdos são construídos e desconstruídos pelo poder de interatividade e mobilidade da Era digital, que transforma a questão do espaço e passa a não ter um modelo acabado para organizar a informação. Neste sentido, ao invés de cada objeto virtual ter seu lugar, prefere-se que estejam em vários lugares ao mesmo tempo.

Weinberger fala de uma terceira ordem de conhecimento que modifica a ordem das informações. Esta ordem é o novo design de relações que se estabelece por meio dos conteúdos digitalizados. Neste patamar a diversidade aparece como maneira de se entender o mundo, abarcando diferentes objetos de conhecimento e trocando-os de lugar conforme a análise de conteúdo muda de prisma, abdicando da limitação espacial para a construção de conhecimento. Esta informação, segundo o texto, ganha a possibilidade de vir por meio de múltiplas mãos, fugindo da linearidade temporal e hierárquica, mais flexível e multifacetada.

A internet é um exemplo: conteúdos produzidos separadamente podem ser juntados por qualquer pessoa de diversas maneiras. A inteligência dos conteúdos está nas “n” maneiras de como podem ser relacionados. Neste formato de miscelânea os usuários devem se atentar em conhecer sua organização interna, “pois ela não resulta em uma ordem preferencial”, ou seja, cada um deve criar seu modo de descobrir as informações contidas no conjunto.

Com base nestas acepções, percebemos que “mais do que informações entrelaçadas é o entrelaçamento que gera um novo conhecimento” (Weinberger). O desafio é como trabalhar com esta miscelânea e descobrir que sentido daremos a ela para nos recriarmos?

Um novo estilo para o tempo e espaço introduz a virtualização, que por sua vez recria o nomadismo. Este processo traz consigo uma fluidez, dinamismo e desterritorialização do particular para o coletivo, confundindo o eu do outro. Outro ponto abordado reflete sobre a virtualização, cuja importância passa pela funcionalidade de criar uma nova realidade (ex: texto virtualizado). O artigo defende que ele resgata alguns conhecimentos e serve de suporte para atualizarmos nosso acervo mental.

Cabe neste aspecto distinguir as diferentes realidades as quais estamos inseridos. Dentro do universo técnico a realidade do texto virtualizado, por exemplo, pode ser considerada uma inovação por sua capacidade de atingir tantas pessoas com tal velocidade. Em contrapartida, cabe observar que a maneiras de como os textos virtualizados são usados pela maioria dos usuários passa pelo uso pessoal e não de construção do espaço digital comum, como deveria ser.

Voltando a concordar com o texto, percebemos que realmente vivemos em outra realidade, inclusive com o nosso próprio corpo. A virtualização mexeu de tal modo com o indivíduo que o corpo tem passado por uma desmaterialização, reinvenção e multiplicação. Por exemplo, a televisão virtualiza a visão e o telefone divide o corpo com sua voz. O corpo é virado ao avesso, surgindo um “hipercorpo”, ou seja, esta virtualização pressupõe uma associação de todos os corpos participantes das mesmas redes na busca de uma intensificação individual de conquista de novos meios e descoberta de potencialidades. Aqui, podemos perceber claramente que a terceira ordem defendida por Weinberger se aplica. A diversidade vivencial extrapola a condição física e permite novos saberes.

Há também a defesa de que o homem, com sua individualidade, constrói sua inteligência modificando e aumentando suas particularidades através dos nós interativos da informação, hipertextualidade. O hipertexto é uma das principais características da comunicação neste molde da linguagem. As novas narrativas são caracterizadas pela junção de diferentes informações em uma mesma mídia em um texto que se modifica diante do leitor e permite que este construa seu conhecimento a partir das várias faces apresentadas e das ligações hipertextualizadas que são conferidas a ele. É preciso trabalhar-lhas de forma intuitiva, respeitando as individualidades que são realizadas através das interfaces.

Dentro deste panorama é importante que o usuário saiba perceber intuitivamente, como defende a autora, suas percepções sem deixar que o hipertexto confunda pontos de vista e alienem o indivíduo no turbilhão de informações que contêm as mídias digitais. As constantes modificações são resultado também de diferentes pensamentos, mas que são influenciados por fatores políticos, sociais e econômicos. Além disso, a questão cultural necessita ser preservada para que a inteligência individual não seja reflexo apenas da interatividade e mobilidade de informações, mas sim de uma reflexão sobre elas.

Uma conceituação usada sobre interatividade é de Winck (2007) que diz ser “a conquista da autonomia e autogestão do usuário frente aos modos de acesso, manipulação e de estocagem da informação”. Complementando a definição, ressalta-se que a era digital passa pela possibilidade do indivíduo escolher os elementos que irá experimentar, ao contrário dos analógicos que não têm a mesma acessibilidade e velocidade permitindo uma interação a tal ponto que o usuário possa interatuar com o objeto midiático.

As interfaces são permeadas pela subjetividade e criatividade do usuário e são responsáveis por moldar a maneira de como o usuário concebe o meio, dando a ele uma experiência única. Além disso, a interface vem atrelada ao conteúdo, vem motivada por ele. Do mesmo modo, entende-se que a interatividade dá uma experiência única ao usuário e a mudança mínima da interface gera uma mudança em todo conjunto da obra.

Interface = 1. Área compartilhada por dois dispositivos, sistemas ou programas que trocam dados e sinais / 2. Meio de que dispõe o usuário para interagir com um programa ou sistema operacional. (fonte: Aulete Digital)

Que sentido daremos a tudo isto e como nos recriaremos? Esta pergunta, difícil de ser respondida em um momento em que as tecnologias se desenvolvem cada vez mais rapidamente e alcançam um estágio de alta modernidade passa por uma reflexão do papel do indivíduo particular e coletivo dentro desta sociedade de informação.

O artigo defende a idéia de que as relações humanas têm um espaço considerável dentro das mídias digitais e o design de relações, compreendido por ser um novo desenho de comunicação, interativo, altamente móvel e participativo, traz ao homem experiências únicas e que ao todo formam uma inteligência coletiva. A mudança do espaço e do tempo já é conhecida e sua velocidade e virtualização encontram novas possibilidades. Cabe a nós analisarmos estas mudanças e contribuirmos para que as novas linguagens e os novos relacionamentos não se tornem totalmente digitais.

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